Hoje celebramos 13 anos desde que o primeiro álbum de Avril Lavigne, Let Go, chegou às prateleiras do mundo todo apresentando a cantora canadense à mídia e colocando-a no topo da maiores paradas musicais da época.

Como vocês pediram, aqui vai nossa resenha dele, começando, como sempre, pelos fatos que marcaram!

– A primeira música que Avril tocou para L.A. Reid (e que a ajudou a conseguir um contrato) foi Why. Por isso, por um bom tempo, ele esperou que ela fosse tocar músicas folk.

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Na foto: Avril Lavigne e L.A. Reid em 2002, quando ela foi lançada à mídia. L.A. Reid é um dos produtores executivos mais famosos do mundo.

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Olha ele e Avril juntos novamente para a divulgação do quinto álbum ela, Avril Lavigne.

– Avril se opôs a aceitar músicas de outros cantores, alegando que queria compor seu próprio material. Após um ano sem concordar com a gravadora sobre o melhor material para o álbum, eles cogitaram demiti-la.

– A proposta original era que o álbum fosse chamado Anything but ordinary (“Qualquer coisa, menos normal”), mas Avril insistiu para que o chamassem de Let Go.

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Na capa de Let Go (2002), Avril Lavigne, sóbria, isolada do mundo que se move rapidamente à sua volta (isso poderia ser um trecho de How Does It Feel, do álbum seguinte). Seu estilo? Calças largas e tênis de skatista.

– Além dos singles de maior repercussão (Complicated, Sk8er Boi, I’m With You e Losing Grip), também foram lançados MobileThings I’ll Never Say (na Itália) e Unwanted (no Reino Unido)

– O álbum foi gravado em Los Angeles.

– Uma das polêmicas do álbum está na composição das canções. Seis canções foram escritas em parceria com The Matrix (um trio de compositores que trabalham em parceria com celebridades) e cinco delas estão no álbum. Existe discordância sobre quem trabalhou de verdade. Avril Lavigne declara que apenas ela e Lauren Christy compuseram tudo no estúdio, enquanto os outros alegam que compuseram tudo sozinhos e que Avril Lavigne apenas dava sugestões de trechos das letras.

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O trio, The Matrix (Graham Edwards, Lauren Christy e Scott Spock), produz faixas para diferentes cantores do cenário pop.

– Independente de quem escreveu, o único ponto criticado na época foram as letras.

– Avril Lavigne achava que Complicated não expressava seus sentimentos na época. Ela queria que uma material mais voltado para Unwanted.

– A proposta inicial era que Avril Lavigne se encaixasse na mesma categoria que Michele Branch e Vanessa Carlton, mas Terry McBride, empresário de Avril, se opôs e a tocou Sk8er Boi para convencer a Arista Records de sua posição.

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Terry McBride foi o empresário de Avril durante seus três primeiros álbuns.

– A turnê para promover o álbum se chamava Try To Shut Me Up (“Tente Me Fazer Calar a Boca”) e foi dela que se tirou o DVD My World.

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O DVD My World trazia, além de todas as faixas do CD, o cover de Knockin’ On Heaven’s Door de Bob Dylan e I Don’t Give, que foi a faixa b-side de Complicated.

Let Go vendeu mais de 20 milhões de cópias no mundo todo. Sendo o segundo álbum mais vendido de 2002 e o nono mais vendido de 2009. No Brasil, ele vendeu mais de 250 mil cópias, se tornando Platina Dupla.

– A Revista Rolling Stone colocou Let Go como o quarto melhor álbum da década 2000/2009.

– Por causa dele, Avril Lavigne entrou no Guinness Book de 2005 como a cantora mais jovem a atingir o primeiro lugar no Reino Unido.

– O álbum foi nomeado a 5 Grammys: Melhor Vocal Pop (Let Go), Canção do Ano e Melhor Performance Vocal Feminina do Pop (Complicated), Melhor Performance Vocal Feminina do Rock (Sk8er Boi) e Melhor Artista Revelação. No ano seguinte, Avril foi nomeada para Canção do Ano e Melhor Performance Vocal Feminina do Pop (I’m With You) e Melhor Performance Vocal Feminina do Pop (Losing Grip).

Resumidamente: Let Go foi um sucesso musical, comercial e indiscutivelmente um dos álbuns mais icônicos do mundo da música… Mas ainda há muito a ser dito. Assim, vamos às faixas!

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Losing Grip abre o álbum com uma pegada rock que deixa bem claro a intenção de Avril Lavigne: ela veio para causar, para quebrar guitarras. Existe um leve toque a la Alanis Morissette, mas nada que tire a individualidade de Lavigne. Seu instrumental e seus vocais são os pontos mais fortes. A voz de Avril varia de tom preguiçoso no verso para um refrão explosivo e furioso. O ponto fraco da canção talvez seja a letra. Embora ela conte uma história bem delineada, não dá para negar que as rimas de “there” e “there” no verso antes do refrão são um pouco fracas. Não vou discorrer muito sobre Losing Grip… Você pode ler uma resenha só dela AQUI.

ComplicatedAvril Lavigne - Complicated

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A segunda faixa do álbum foi, de fato, o primeiro single e a face que Avril Lavigne apresentou para o mundo.
Complicated
é uma balada pop-rock (embora pelos parâmetros de hoje em dia, ela seja apenas pop) que fala sobre pessoas quem fingem. É interessante como muitos assumem que ela conta uma história de amor quando, na verdade, isso não é explícito em momento algum na letra. Poderia ser uma mensagem para um amigo… A organização instrumental é perfeita para a época e a mixagem é de primeira. Assim como no caso de Losing Grip, ela já foi resenhada por mim, bem AQUI.

Sk8er BoiAvril_Lavigne_Sk8er_Boi

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Sk8er Boi é um dos singles mais controversos do primeiro álbum. É inegável que promoveu a carreira de Avril Lavigne levando-a para o topo pela segunda vez e a fixando como uma cantora com uma carreira sólida. O instrumental a la Blink 182 fez dela um hit. Contudo, a letra não é das melhores e o versão “He was a boy, she was a girl” é tão óbvio que a própria Avril faz piada em seu vídeo de Rock N Roll.

Como todos os singles de Let Go, ela tem sua resenha AQUI.

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I’m With You foi o terceiro single do álbum e foi a faixa que mais deu dor de cabeça para a gravadora. A proposta inicial era que ele fosse o primeiro single de Avril Lavigne para que ela vendesse uma imagem mais madura. De fato, é impossível concordar que I’m With You é uma das faixas (se não a) mais maduras de Let Go. Existe um sentimento de solidão na letra e na melodia e aquela realidade adolescente quase não está presente aqui. Avril Lavigne está bem servida ao dizer que I’m With You é sua faixa favorita.

A resenha dela, você pode ler AQUI.

Mobile

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Mobile é a faixa mais pop do álbum. A letra é um pouco corrida e ela se encaixa perfeitamente na trilha sonora de um filme de viagem de adolescente. O refrão é bem marcado, como em grande parte das faixas pop dos anos 2000. O ponto negativo de Mobile é que ela não é original. Existem várias faixas como ela no mundo da música e, provavelmente, os produtores perceberam isso ao tentar lançá-la como single. É interessante notar que ela é a que mais se assemelha a Why e a Darlin (2011), que Avril diz ter composto aos 15 anos. Assim, é provável que seja, ao mesmo tempo, a faixa menos comercial e mais autêntica dele, por se aproximar do material que Lavigne compusera sozinha até então.

Unwanted

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Unwanted é a faixa mais rock de Let Go e a que cumpre a promessa feita por Losing Grip no começo dele. Ela conta uma história simples: Avril diz que a escreveu após um jantar na casa de um novo namorado. Segundo ela, ela teria se comportado bem e até mesmo lavado as louças, mas a família do rapaz não a tratou bem, o que gerou sua fúria. Unwanted é uma faixa subestimada. Pouco é dito sobre ela, mas é interessante notar que ela traz uma melhores mixagens do álbum e que puxa a versatilidade de Avril Lavigne a outros extremos. Talvez, seu único ponto negativo é que o refrão se repete muito e a ideia que ele prega não é forte o bastante para se gritada repetidamente. Há muita fúria adolescente e pouco sentimento sincero ali.

Tomorrow

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Tomorrow é o tipo de faixa que você imagina Avril Lavigne compondo sozinha, em seu quarto. O tema não é muito misterioso: ou ela está falando sobre confiar em um namorado ou em perder a virgindade (embora uma coisa não exclua a outra). A letra expõe demais para ser mentira. Avril Lavigne tem dúvidas, medos, mas ainda assim, mantem sua atitude brigona ao dizer “Agora depende de mim”. Em estilo, ela é irmã de I’m With You. Em sentimento, ela é única.

Anything But Ordinary

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Embora seja uma faixa pop com refrão chiclete e melodia de primeira, Anything But Ordinary tem a letra mais distante de Avril Lavigne do álbum. Ela é, sem dúvida, uma excelente canção com um título marcante e com vocais bem trabalhados, mas é impessoal demais. Ela poderia ser cantada por qualquer adolescente em qualquer lugar do mundo… E assim sendo, não precisa de Avril para existir. Em um álbum onde tudo é sobre “eu” e “você” e “meu passado”, ela não parece contar nada em especial.

Things I’ll Never Say

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Things I’ll Never Say é uma das faixas mais deliciosas do álbum. Ela é leve, descontraída e também traz aquela batida apresentada em Mobile: um pouco de pop com violões meio country. E os backing vocais são exatamente o que associamos a Avril Lavigne. A letra conta uma história bem esperável de alguém como Avril Lavigne: por trás de toda aquela atitude, existe uma jovem que não sabe como agir diante do rapaz que gosta. E não satisfeita em seu muito boa, ela tem duas mixagens totalmente diferentes. Escolher esta para o álbum foi, sem dúvida, uma decisão sábia!

A versão remixada de Things I’ll Never Say que entrou para o CD de b-sides.

My World

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A décima faixa de Let Go é praticamente uma página arrancada do diário de Avril Lavigne. Como a proposta do álbum era apresentar a cantora ao mundo como uma compositora, faz muito sentido que essa canção tenha sido inserida aqui: ela é uma carta de apresentação onde Lavigne diz ao mundo “prazer em conhecê-los. Sou Avril Lavigne e este é o mundo de onde eu vim.” Existem alguns pontos a serem considerados. O positivo é que a batida e a melodia são ótimos e causam uma sensação de nostalgia. O negativo é que a letra é confusa (embora era seja o propósito dela) e que algumas passagens mostram uma certa imaturidade de Avril ao compor. Por isso, 4 estrelas.

Nobody’s Fool

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Se Avril Lavigne pretendia se mostrar versátil com este álbum, Nobody’s Fool cumpre a missão como leveza e descontração. A faixa traz versos cantados como rap sobre uma melodia pop, o que nos faz lembrar de Eminem e da face mais comercial do hip hop. O ponto negativo é que esse mesmo rap peca por ser amador. Além disso, a mensagem de “ninguém vai me mudar” já é velha e parece mais um sinal de autoafirmação que não convence muito.

Too Much to Ask

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Too Much To Ask é, melodicamente, uma das faixas mais maduras de Let Go. A história pode ser adolescente e falar de um garoto que a trocou pela maconha, mas existe um apelo por trás disso, por trás daquele refrão explosivo e levemente irritado que permite com que nos conectemos com Lavigne. Em Too Much To Ask, o vocal de Avril parece se desprender dela e ganhar vida própria. E essa voz que chega aos nossos ouvidos parece realmente marcada. Talvez, de todas as histórias que ela conta neste álbum, a de Too Much To Ask seja a que mais lhe marcou. Ou talvez, seja o topo de seu talento como intérprete até então.

Naked

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Naked traz um dos melhores vocais de Avril Lavigne em Let Go. Sua voz está levemente mais grave, mais afinada e um pouco mais distante do resto do álbum, onde as faixas parecem ter sido gravadas em um tom mais grave do que o adequado para ela. Avril conta uma história sobre como é bom estar com alguém que te entende por completo e com quem você pode ser sincero. É contrastante com Nobody’s Fool e uma resposta a Unwanted. Aqui, ela encontrou o que sempre procurava. O ponto negativo é que ela não parece muito conectada com o que está cantando. Ela parece estar interpretando os sentimentos de outra pessoa… Talvez os de Shakira, em Undernearth Your Clothes, que saiu exatamente um ano antes.

Considerações, conclusões e porque amamos Let Go:

Se não fosse por Let Go, por Complicated, por Sk8er Boi, nós não estaríamos aqui. Tudo o que nos une começa neste álbum. Então, comentar sua importância para nós seria redundante. O que pretendo apontar então, é uma análise geral dele antes de concluir esta resenha.

O conceito de Let Go é diferente dos outros álbuns subsequentes por não tratar de histórias de Avril Lavigne com outra pessoa. Ele não fala de términos como Under My Skin, ou de juventude como The Best Damn Thing, ele conta a história de quem é Avril Lavigne. Assim, sendo é interessante notar que o nome Avril Lavigne cabe muito mais aqui do que no quinto álbum da cantora. Let Go reflete sobre suas diferentes faces: seu passado em Napanee, seus namoros e amigos de adolescência, sua “fuga” de casa para se tornar uma estrela. Ele é seu diário.

E isso nos ajuda a perceber a homogeneidade rítmica dele. Embora as faixas sejam únicas, elas tem vários traços em comum. Os refrões bem marcados contrastando com versos pop (algo que ele repetiria em Don’t Tell Me), os picos em cada faixa onde ela solta a voz dá um de seus gritos característicos… Existe mais sintonia em Let Go do que parece.

Outro ponto interessante é como a distribuição de faixas foi cuidadosamente feita e como ela se tornaria a “fórmula Avril Lavigne”. O álbum começa agressivo/animado, se entrega ao pop pela metade, se reergue e depois cai de vez para um final triste/melancólico. Quando chegamos a Too Much To Ask já sentimos o gosto amargo do fim e sabemos, antes mesmo de conferir quantas faixas ele possui, que ele está acabando. E Naked encerra o álbum reafirmando com a faixa inicial: Lavigne começa “Perdendo a força” (Losing Grip) e termina “Exposta” (Naked). Mesmo que ela tente manter a pose, seus sentimentos sempre vazam no fim.

E é essa imagem ambígua que Avril Lavigne carregaria por toda a sua carreira: a de Princesa do Pop Punk, mas de jovem com sentimentos sinceros. Muitos se chocaram com a divergência entre Girlfriend (2007) e Goodbye (2007), mas no fim, quando pensamos bem, ela esteve lá o tempo todo, desde Sk8er Boi e Tomorrow. E é essa Avril Lavigne com dois lados tão distintos que aprendemos a amar!

Sentiu saudades da nossa velha Avril? Que tal dar uma olhada nesse vídeo aqui?